As declarações foram feitas em um texto distribuído pelo
cantor à imprensa. Para ele, uma questão ética está no centro da discussão. "O
assunto até parece démodé, mas deveria estar intrinsecamente no centro de
diversas situações que vivemos hoje em dia. Inclusive, neste caso. Óbvio que o
conceito é subjetivo e, até, utópico. No entanto, sem a sua prática, o
desequilíbrio é evidente. Fala-se muito em biografias oportunistas,
difamatórias, mas acredito que a grande maioria dos nossos autores estão bem
distantes desse tipo de comportamento. Arrisco em dizer que cerceá-los seria
uma equivocada tentativa de tapar, calar, esconder e camuflar a história no
nosso tempo e espaço. Imaginem a necessidade de uma nova Comissão da Verdade
daqui a uns 20 anos..."
Nos últimos dias, o surgimento de um grupo chamado Procure
Saber, pilotado pela empresária Paula Lavigne e formado por músicos como Chico
Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, trouxe o assunto de volta à pauta. Eles
lutam contra a modificação no Código Civil, ou seja, defendem que continue sob
vigilância qualquer tentativa de se biografar alguma personalidade sem prévia
autorização. Para Valença, os biografados sempre terão direito a entrar na
justiça se, de alguma forma, se sentirem prejudicados – e que esta opção é
melhor do que a proibição prévia.
“Entramos em outro conceito, igualmente amplo, delicado e
precioso: liberdade de expressão. Aliás, tão grandioso que deveria estar na
frente de qualquer questão. O que é pior: a mordaça genérica ou a suposta
difamação? Eficiência e celeridade processual são princípios que devemos
reivindicar para garantia dos nossos direitos. Evitar a prática de livros
ofensivos e meramente oportunistas através do Poder Judiciário é uma saída
muito mais eficaz e coerente com os fundamentos democráticos”, escreveu.
Fonte: Estadão
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