Seis meses depois do fim dos Jogos Olímpicos, o Comitê Organizador da Rio 2016 ainda tem uma dívida milionária para pagar com fornecedores: R$ 100 milhões. Além disso, instalações olímpicas, que foram centro de atenção do mundo inteiro no ano passado, hoje se destacam pelo abandono, como mostrou o RJTV neste sábado (25).
No prédio onde trabalharam mais de cinco mil jornalistas o cenário é de salas vazias e muita coisa jogada pelo chão.
Ar-condicionado ligado
Nas arenas que receberam os jogos de basquete e lutas olímpicas, agora
não existem nem mais as cadeiras para o público. Os aparelhos de
ar-condicionado ainda estão ligados, consumindo energia 24 horas por
dia.
No bairro de Deodoro, área carente da cidade, o parque radical, palco
das provas de canoagem e ciclismo durante a Olimpíada, está silencioso e
abandonado.
A piscina onde Michael Phelps ganhou seis medalhas era uma instalação
temporária e já foi desmontada. Mas a estrutura do Estádio Aquático
ainda está no mesmo lugar.
A Arena do Futuro, palco das disputas de handebol, ainda tem o futuro
incerto. O projeto era desmontar tudo e usar o material para construir
quatro escolas. Mas, até agora, nenhum prego foi tirado do lugar. A
prefeitura diz que não desistiu do projeto, mas não fala em prazo.
A promessa é transformar a área do Parque Olímpico em um bairro moderno
com apartamentos, escritórios, lojas, hotéis. Mas, seis meses depois do
fim da Olimpíada, ainda não há sinal de mudança. O parque, por
enquanto, é uma lembrança dos jogos que deixaram saudade e dívidas.
Custo deve ultrapassar R$ 40 bilhões
Ainda não se sabe o valor total dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A
Autoridade Pública Olímpica, responsável por fazer a conta, ainda não
terminou o trabalho. A estimativa é de que ultrapasse os R$ 40 bilhões,
incluindo a organização, a construção das arenas e melhorias na cidade,
como o transporte público, por exemplo.
O Comitê Organizador ainda deve R$ 100 milhões a fornecedores. Alega
que não recebeu toda a ajuda financeira prometida pelo Governo Federal,
pela Prefeitura do Rio e pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), mas
que vai pagar o que deve.
“O comitê avançou muito. Quando acabaram os Jogos, a gente tinha
aproximadamente 20 mil fornecedores. Hoje a nossa lista é menor do que
40 fornecedores (...) Talvez a gente precise de recursos adicionais,
previstos no esquema do contrato dos jogos, pra saldar todo mundo. Mas a
gente vai honrar com todos os nossos compromissos”, explicou Mário
Andrada, diretor de comunicação do Comitê Rio 2016. “A gente ainda tem
alguns recursos pra receber de patrocinadores. Tem algum recurso pra
receber do COI.”
Dívidas ficam para governos
Se o Comitê não pagar, o governo do estado e a prefeitura se tornam
herdeiros da dívida. Em tempos de crise, o governo já disse que espera
que o comitê cumpra com seus compromissos. A prefeitura ameaça entrar na
Justiça se tiver que pagar mais alguma coisa.
A Prefeitura do Rio informou que vai lançar, até junho, a licitação
para escolher a empresa que vai administrar o Parque de Deodoro e que,
em 40 dias, a Arena 3 vai receber equipamentos esportivos.
O Ministério do Esporte assumiu duas arenas: o Velódromo e o Centro de
Tênis. As instalações vão servir como centro de treinamento e espaço
para competições. O ministério disse que já tem um projeto social
funcionando no Parque Olímpico, com 200 crianças inscritas.
Ingressos sem reembolso
As dívidas também chegam ao público dos Jogos. Cerca de mil pessoas que
desistiram dos ingressos e puseram as entradas para serem revendidas
pelo Comitê Rio 2016 ainda não conseguiram receber o reembolso, como mostrou a GloboNews.
O diretor de comunicação da Rio 2016 diz que mais de 118 mil pessoas já
foram reembolsadas. Mas alegou que há alguns empecilhos para concluir a
devolução a todos.
“A maior dificuldade que a gente tem hoje em dia é obter das pessoas
que ainda não receberam os dados das contas para a gente fazer o
pagamento. O esforço para pagar todo mundo tem sido muito grande, mas
não tem sido muito fácil porque o Comitê reduziu o seu tamanho”, disse
Andrada.
Só o Procon do Rio recebeu 400 reclamações de atraso no reembolso. O
órgão autuou o Comitê Rio 2016 em outubro do ano passado e em dezembro
estipulou uma multa de R$ 588 mil, mas a organização dos jogos recorreu e
o processo administrativo ainda não foi finalizado.
A Rio 2016 disse que vem cumprindo o Termo de Ajustamento de Conduta
proposto pelo Procon e disse que em janeiro abriu um novo canal de
comunicação com quem precisa receber o reembolso.
“Existe um canal direto que é mandar um email para
reembolso@rio2016.com”, explicou Mario Andrada. O porta-voz do comitê
afirmou que tem sido possível pagar em 24 horas após a recepção dos
dados bancários. “Alguns casos demoram um pouco mais porque os dados
bancários não batem, mas a gente manda o pagamento em 24 horas e, em
geral, resolvem em até 48 horas”, destacou.
Fonte: Portal G1
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