No dia 26 de dezembro de 2010, a Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano reconheceu um milagre atribuído a Irmã Dulce em 2001. Um dia depois, o Papa Bento XVI assinou o decreto que beatificou a religiosa. Para ser canonizada e se tornar santa, será necessária a comprovação de um segundo milagre, que deve ter acontecido após a beatificação. Para Oswaldo Gouveia, museólogo da Assessoria de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), no que depender dos fiéis, isso não será problema.
Ele conta que milhares de relatos de milagres atribuídos à Irmã Dulce chegaram ao órgão desde a morte da religiosa. "De 1992 pra cá já recebemos 35, 40 mil relatos. Mas nem todos valem para o Vaticano. Hoje, somente contam aqueles que aconteceram depois que ela foi beatificada. Então, se formos considerar de 2010 para cá, já recebemos sete mil", explica.
Relatos de milagres atribuídos à Irmã Dulce desde 1992 estão arquivados (Foto: Lílian Marques / G1) |
Segundo Gouveia, as mensagens dos fiéis encaminhadas ao órgão atribuem à Irmã Dulce a cura de doenças, aquisição de imóveis, reconciliação de casamento, reabilitação das drogas, entre outras graças.
"Chegam relatos de todas as maneiras. Já recebi até através do Facebook. Quando aconteceu, achei interessante e fiz uma entrevista com a pessoa. Ela se predispôs a enviar a documentação [para comprovar o milagre]. De todos os casos que recebemos, 90% são ligados a questões familiares e financeiras", afirma o museólogo.
O caminho até que o milagre seja reconhecido é longo e complicado. Gouveia explica que o Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade da graça: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito. Após receber o relato dos fiéis, a Assessoria de Memória e Cultura faz uma triagem dos casos e começa o processo de investigação.
Local onde fica túmulo de Irmã Dulce foi decorado por fiéis (Foto: Lílian Marques / G1) |
"A maioria dos casos confirmados é associada à medicina por ter mais facilidade de comprovação. É difícil você comprovar um outro tipo de milagre, algo financeiro ou um filho que deixou de usar entorpecentes. Mas, por exemplo, teve um caso na Itália de uns marinheiros que estavam em submarino que fundou. Um deles era devoto de um beato, o invocou e a máquina veio à tona. Foram chamados engenheiros e todos eles disseram que não era possível que ele tenha emergido", explica Gouveia.
Dos sete mil casos que chegaram à paróquia desde 2010, atualmente três deles estão sendo investigados a fundo por peritos da Assessoria de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). "Analisamos todos os relatos que chegam. Atualmente, três estão sendo avaliados pelo nosso perito. Desses, ele vai escolher um e encaminhar ao Vaticano", diz Gouveia.
Quarto onde Irmã Dulce dormiu foi preservado (Foto: Lílian Marques / G1) |
Assim que o Vaticano é informado do milagre, novos peritos passam a investigar o caso, conta Gouveia. "O Vaticano se instala no local em que ocorreu o milagre e um tribunal eclesiástico começa a analisar a graça."
Em um processo tão complexo e sem prazo para ser encerrado, Gouveia acredita que resta aos fiéis manterem a fé de que um dia verão a beata se tornar santa. "Nesse campo, para quem tem fé, tem que entregar a Deus. Somente o homem lá de cima vai dizer quando chegar a hora.
Fonte: Portal G1
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